Publicado em
12/01/2025
às 10:25
Brasil
Nos últimos
anos, as redes sociais têm consolidado uma tendência polêmica: influenciadores
e artistas que incluem seus filhos como parte central de seus conteúdos,
transformando momentos familiares em estratégias para engajamento e
monetização. Exemplos emblemáticos dessa prática são Virginia Fonseca, com
os filhos Maria Alice, Maria Flor e José Leonardo; Viih Tube,
com Lua e Ravi; e Lore Improta e Léo Santana, pais da
pequena Liz.
A discussão, no entanto, vai além dos filhos de personalidades conhecidas. Algumas crianças conquistaram a internet de forma independente, como Lulu Mendonça, que encantou 5 milhões de seguidores com vídeos espontâneos de sua rotina, e Noah Tavares, o Nonô, que reúne 2,5 milhões de fãs.
https://radiosaovivo.net/play/legal-ceres/
Em
entrevista ao Metrópoles, as psicólogas Patrícia Siqueira, especialista em
terapia cognitivo-comportamental, e Manuelly Cardoso, psicóloga infantil e
orientadora de pais, analisaram os impactos dessa exposição: os benefícios, os
riscos e os cuidados indispensáveis para proteger o bem-estar das crianças.
Patrícia
destaca que a exposição digital pode oferecer oportunidades para desenvolver
habilidades sociais, como empatia e comunicação. Além disso, ela observa que,
quando os projetos são conduzidos de forma equilibrada, os vínculos familiares
podem ser fortalecidos, e a criança pode se sentir valorizada, o que é um
importante reforço para a autoestima.
Manuelly acrescenta que a criação de conteúdo, quando alinhada aos interesses da criança, pode estimular a criatividade, organização e flexibilidade cognitiva. No entanto, ela alerta: “Os benefícios potenciais não tornam a exposição uma prática essencial para o desenvolvimento infantil saudável”.
https://radiosaovivo.net/play/legal-ceres/
Outro ponto
delicado é o consentimento. Crianças pequenas, como explica Patrícia, “nem
sempre têm entendimento necessário para consentirem ter sua vida exposta”, o
que levanta questões éticas sobre o papel dos pais.
Tanto
Patrícia quanto Manuelly concordam que a prioridade deve ser a segurança e o
bem-estar da criança. Para isso, é essencial limitar a exposição e proteger
informações pessoais. Manuelly destaca a importância de observar a reação da
criança durante as gravações:
“Se houver
sinais de desconforto, como verbalizações de preocupação, esses podem ser
indicativos de que os limites da criança estão sendo ultrapassados”.
Patrícia sugere que os pais incentivem a espontaneidade e filtrem críticas nos comentários das publicações. Ela também reforça a necessidade de “priorizar a infância, as vivências saudáveis e o diálogo aberto”.
Com as redes
sociais cada vez mais em foco, a transformação de crianças em influenciadores é
uma realidade que exige discussão e, principalmente, regulamentação. Muitos
pais veem a oportunidade como forma de garantir uma vida financeira mais
estável para a família, mas as especialistas alertam: a maior preocupação deve
ser preservar a liberdade e o bem-estar das crianças.
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15/01/2025 às 09:53