Publicado em
16/12/2024
às 15:14
Brasil
A Procuradoria-Geral de Justiça decidiu, nesta sexta-feira
(13), pelo arquivamento da parte da Operação Integration que apura o
envolvimento do cantor e empresário Gusttavo Lima e dos sócios da
“Vai de Bet” em um esquema de lavagem de dinheiro.
O parecer da chefia do Ministério Público de Pernambuco
(MPPE) acontece após uma sequência
de discordâncias entre a juíza do caso, Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara
Criminal do Recife, e os promotores do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que analisa as investigações da Polícia
Civil dentro do MPPE.
A subprocuradora-geral Norma Mendonça de Galvão Carvalho, que
assinou a decisão, seguiu o entendimento anterior do MPPE e pediu,
novamente, o arquivamento dessa parte do caso.
A “Esportes da Sorte”, do empresário Darwin Henrique Filho,
segue como alvo principal da operação, por suspeita de lavagem de dinheiro
proveniente de jogos ilegais.
No entendimento do MP, reforçado agora pela
Procuradoria-Geral, não há correlação entre os valores da "Esportes
da Sorte", que segue investigada, e da empresa "Vai de Bet". O
único elo entre as empresas apurado até o momento seria a aeronave vendida
por Gusttavo Lima ao dono da "Esportes da Sorte" e posteriormente à
"Vai de Bet".
A juíza havia encaminhado o inquérito para a Procuradoria-Geral de
Justiça após os promotores pedirem o arquivamento da
investigação contra Gusttavo Lima e a "Vai de Bet". Para magistrada,
a complexidade das transações financeiras e as conexões entre as partes
investigadas demandavam a continuidade da apuração.
“Para a deflagração da ação penal é necessário que se faça
presente a justa causa, definida pela doutrina e pela jurisprudência, como a
existência de indícios mínimos de autoria e prova da materialidade delitiva”,
apontou a subprocuradora-geral Norma Carvalho no texto da decisão.
A subprocuradora também mencionou, mais uma vez, que o
Ministério Público ainda aguarda a análise da quebra dos sigilos bancário e
fiscal da empresa Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, que, segundo o
inquérito, é intermediadora de pagamentos da “Esportes da Sorte” e da “Vai de
Bet”.
“Devem ser continuadas as investigações em relação a Darwin
Henrique da Silva Filho, suas empresas, e a Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos,
por existirem fortes indícios de práticas de atividades empresariais ilícitas,
ratificando a necessidade de vinda definitiva aos autos de todas as diligências
requisitadas, com o relatório resultante das quebras de sigilos bancário e
fiscal”, diz o texto.
Apesar de não verificar indícios de envolvimento direto entre
“Vai de Bet” e “Esportes da Sorte”, a subprocuradora recomendou o envio da
documentação da Operação Integration para o Ministério Público do Estado da
Paraíba (MPPB).
Segundo o MPPE, o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf) comunicou a operações financeiras suspeitas realizadas pela
"Vai de Bet", no entanto, como a empresa tem sede na Paraíba, a
apuração deve ser realizada pelo MPPB.
Procurada pelo g1, a defesa da Vai de Bet disse
que:
A nova decisão "é o último passo do arquivamento
definitivo do processo";
O MPPE havia "reconhecido a inexistência de qualquer
indício de crime de lavagem de dinheiro e por isso requereu o
arquivamento";
"Desde o princípio, víamos a fragilidade das acusações e
falhas graves que foram cometidas, e por isso agora recebemos esse parecer com
muita alegria e muita confiança na Justiça".
Procurada, a defesa do cantor Gusttavo Lima disse que "recebe com serenidade a decisão da Procuradoria Geral de Justiça, que deverá acarretar o arquivamento do inquérito e o encerramento definitivo do caso envolvendo o nome do artista".
Investigação sobre Esportes da Sorte vai para Procuradoria-Geral
A juíza Andréa Calado também encaminhou, nesta sexta-feira
(13), a parte do inquérito que apura as operações financeiras da “Esportes da
Sorte” para a Procuradoria-Geral de Justiça. Para a magistrada, a ausência de
manifestação do MPPE em relação ao oferecimento de denúncia ou pedido de novas
diligências configura, na prática, “um arquivamento implícito da investigação,
o que é vedado pela legislação brasileira”.
“O entendimento de que a inércia do Ministério Público ou de
seus órgãos responsáveis possa levar a um arquivamento tácito é expressamente
rechaçado pela jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal (STF),
que reafirma que a ausência de atuação não pode ser considerada como uma
justificativa para o arquivamento implícito, pois tal decisão deve ser
devidamente fundamentada e observada a legislação pertinente”, disse a juíza em
sua decisão.
A Operação Integration foi deflagrada em 4 de setembro, com o
cumprimento de mandados de prisão, incluindo os da influenciadora digital
Deolane Bezerra e da mãe dela, Solange Bezerra, e de busca e apreensão em
Pernambuco e nos estados da Paraíba, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e
Goiás (veja vídeo acima).
No mesmo dia, um avião que pertenceu ao cantor Gusttavo
Lima foi apreendido no aeroporto de Jundiaí, no interior paulista.
O artista estava na Grécia, para onde havia viajado em 1º de
setembro, na companhia de José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta
Henriques da Rocha, casal de empresários donos da Vai de Bet, também
investigado na mesma operação.
Em 15 de setembro, Gusttavo Lima foi indiciado por
lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em 23 de setembro, a juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara
Criminal do Recife, decretou a prisão preventiva de Gusttavo Lima e do
empresário Bóris Maciel Padilha.
Horas antes, entretanto, Gusttavo Lima havia deixado o
Brasil em voo privado que saiu de madrugada do Aeroporto de Guarulhos, em
São Paulo, com destino a Miami, na Flórida (Estados Unidos).
No dia 24 de setembro, a ordem de prisão preventiva de
Gusttavo Lima foi revogada pelo relator do caso, o desembargador Eduardo
Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal do TJPE.
O magistrado alegou que as justificativas dadas pela juíza
para a ordem de prisão constituíam "meras ilações impróprias e
considerações genéricas".
Em 18 de novembro, o MP pediu arquivamento de
investigação sobre o avião de Gusttavo Lima e recomendou que denúncias
sobre lavagem de dinheiro sigam para a Paraíba.
No dia seguinte, o TJPE determinou um prazo de cinco
dias para que o MPPE oferecesse denúncia, arquivasse o caso ou pedisse
novas diligências na Operação Integration.
Em 25 de novembro, o MP pediu arquivamento da parte da
investigação que apura a venda do avião de Gusttavo Lima e os empresários
da Paraíba.
Reportagem G1 Goiás
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